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domingo, 12 de junho de 2011

Interpretação de textos.

Texto do IFCE - Ensino técnico.
NASCE UM ESCRITOR

O primeiro dever passado pelo novo professor de português foi uma descrição tendo o mar como tema. A classe inspirou, toda ela, nos encapelados mares de Camões, aqueles nunca dantes navegados. O episódio do Adamastor foi reescrito pela meninada. Prisioneiro no internato, eu vivia na saudade das praias do Pontal onde conhecera a liberdade e o sonho. O mar de Ilhéus foi o tema de minha descrição.
Padre Cabral levara os deveres para corrigir em sua cela. Na aula seguinte, entre risonho e solene, anunciou a existência de uma vocação autêntica de escritor naquela sala de aula. Pediu que escutassem com atenção o dever que ia ler. Tinha certeza, afirmou, que o autor daquela página seria no futuro um escritor conhecido. Não regateou elogios. Eu acabara de completar onze anos.
Passei a ser uma personalidade, segundo os cânones do colégio, ao lado dos futebolistas, dos campeões de matemática e de religião, dos que obtinham medalhas. Fui admitido numa espécie de Círculo Literário onde brilhavam alunos mais velhos. Nem assim deixei de me sentir prisioneiro, sensação permanente durante os dois anos em que estudei no colégio dos jesuítas.
Houve, porém, sensível mudança na limitada vida do aluno interno: o padre Cabral tomou-me sob sua proteção e colocou em minhas mãos livros de sua estante. Primeiro "As Viagens de Gulliver", depois clássicos portugueses, traduções de ficcionistas ingleses e franceses. Data dessa época minha paixão por Charles Dickens. Demoraria ainda a conhecer Mark Twain: o norte-americano não figurava entre os prediletos do padre Cabral.
Recordo com carinho a figura do jesuíta português erudito e amável. Menos por me haver anunciado escritor, sobretudo por me haver dado o amor aos livros, por me haver revelado o mundo da criação literária. Ajudou-me a suportar aqueles dois anos de internato, a fazer mais leve a minha prisão, minha primeira prisão.

01. Para realizar o trabalho que Padre Cabral lhes impôs, os alunos deviam possuir um saber, que era: (1,0)

A) ter a inspiração.
B) conhecer as praias do Pontal.
C) saber descrever o mar e ter conhecimento das técnicas de construção de um texto descritivo.
D) ter grande conhecimento da língua portuguesa.
E) ser um bom narrador.

02. O narrador do texto confessa que, nas praias do Pontal, havia algo que lhe era negado no internato:  (1,0)
A) a liberdade e o sonho.                            B) o poder da inspiração.
C) a colaboração dos colegas.                     D) o conhecimento dos mares.
E) a amizade das pessoas.

03. Todos os alunos apresentaram seus trabalhos, mas só um foi elogiado. O que esse trabalho revelava, para distinguir-se dos demais, era: (1,0)

A) o conhecimento superior das praias do Pontal.
B) a originalidade da descrição.
C) o conhecimento superior da língua portuguesa.
D) os elogios demasiados ao Padre Cabral.
E) o conhecimento do narrador acerca da literatura brasileira.

04. Por ter realizado um trabalho de qualidade literária superior, o narrador foi premiado com: (1,0)

A) a amizade dos colegas.
B) a admiração do Padre Cabral.
C) a possibilidade de substituir eventualmente o Padre Cabral nas aulas de português.
D) aulas particulares do Padre Cabral.
E) a liberdade de ler os livros do Padre Cabral.

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